O filho ilustre da “Princesa do Sertão” maranhense, Antônio Gonçalves Dias é homenageado pelos caxienses com todos os louvores pela passagem dos 194 anos do nascimento do poeta que despertou em solo caxiense em 10 de agosto de 1823.

Na noite da última quarta-feira (09), alunos e ex-alunos do Centro de Ensino Gonçalves Dias, que compõem o grupo teatral “Os Menestréis Gonçalvinos”, fizeram o último ensaio para a apresentação que será realizada daqui a pouco, a partir das 18h na Praça Gonçalves Dias, no Centro Histórico de Caxias.

“Nós vamos ter recitais e serenatas enaltecendo os sentimentos. Vamos ter apresentação de corais, cantos mandala, vamos ter apresentações instrumentais, arte. Esperamos que esteja a altura da grande obra do poeta Gonçalves Dias. A poesia de Gonçalves Dias será apresentada, o melhor da poesia”, destacou Gilvaldo Quinzeiro, professor e fundador do Movimento Abraçarte Caxias.

Uma vasta programação foi preparada para homenagear aquele que amou tanto Caxias que, 194 anos depois, os caxienses retribuem com as devidas honras.

As apresentações começam a partir das 18h, com o grupo “Os Menestréis Gonçalvinos” que terá a participação do cantor caxiense Marechal, e segue com a apresentação do violinista clássico Café, de Coelho Neto; Nelson Gaspar, de Coelho Neto em “imbiras & Causos”; Coral “Cantus Mandala”, de Coelho Neto, regido pelo maestro Geraldo Tavares; Gabriel Viera, ex-aluno do CE Gonçalves Dias; Cantor Carloman Rocha; Instrumentista Nonato Cruz; Grupo Teatral Vivarte e grupo Os Guanarés (chorinho).

“Para mim é um prazer imenso participar de uma comemoração do aniversário de Gonçalves Dias. O Gilvaldo criou esse momento e é um prazer em fazer parte da história desse caxiense ilustre da nossa literatura. É um momento de valorização da cultura local, da poesia. Queremos o comparecimento de todos”, destacou Marechal, cantor caxiense.

“É sempre importante está valorizando a poesia, e ainda mais, sendo a poesia caxiense de Antônio Gonçalves Dias. Teremos uma serenata seguida de poesias de Gonçalves Dias. As serenatas com músicas brasileiras que fizeram sucesso. O grupo tem três anos e foi criado com o intúito de homenagear Gonçalves Dias e os demais poetas caxineses”, disse Rauena Oliveira, integrante do grupo Os Menestréis.

Realizada pelo Centro de Ensino Gonçalves Dias e o Movimento Abraçarte Caxias, a programação alusiva ao poeta conta com o apoio da Secretaria de Cultura, Patrimônio Histórico, Esporte, Turismo e Juventude e Academia Caxiense de Letras.

Vida de Gonçalves Dias

Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Maranhão. Filho de uma união não oficial de um comerciante português com uma mestiça cafuza brasileira, foi fruto da junção das três raças, branca, indígena e negra, que compõe a sociedade brasileira.

O poeta imortal estudou Latim e Francês. Estudou na Europa, em Portugal em 1938 onde finalizou os estudos secundários, lá mesmo ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (1840). Ainda em Coimbra, conheceu e participou dos grupos medievistas da Gazeta Literária e de O Trovador, compartilhando das ideias românticas de Almeida Garrett, Alexandre Herculano,  e  Antonio Feliciano de Castilho. Por se achar tanto tempo fora de sua pátria inspira-se para escrever a  Canção do exílio e parte dos poemas de “Primeiros cantos” e “Segundos cantos”, o drama Patkull e “Beatriz de Cenci”, depois rejeitado por sua condição de texto “imoral” pelo Conservatório Dramático do Brasil.

Chegando ao Brasil, Gonçalves Dias trabalhou como professor de história e latim no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro. Atuou também como jornalista, contribuindo com os seguintes periódicos: Jornal do Comércio, Gazeta Oficial, Correio da Tarde e Sentinela da Monarquia, publicando crônicas, folhetins teatrais e críticas literárias. Teve como uma de suas inspirações Ana Amélia Ferreira Vale. Algumas peças românticas são dedicadas a ela, como “Ainda uma vez –Adeus”.

Gonçalves Dias ainda fundou a revista Guanabara, juntamente com Manuel de Araujo Porto-Aletre e Joaquim Manuel de Macedo. Em São Luís do Maranhão, foi convidado pelo Governo para estudar o problema da instrução pública no Estado. Voltando à Europa em 1862 para tratamento de saúde, não tardaria sua morte, quando em 1864 no navio Ville de Boulogne, naugrafou na costa brasileira. Savaram-se todos, exceto o poeta que foi esquecido agonizando em seu leito e se afogou. O acidente ocorreu perto da vila de Guimarães no Maranhão.

“Gonçalves Dias é o filho mais ilustre de Caxias e a obra dele extrapolou para além de Caxias do Maranhão, Nacional e a nível Internacional. Quando você fala da literatura brasileira, do romantísmo, está lá o Gonçalves Dias como o mais importante expoente do romantismo brasileiro. Então, apesar dos preconceitos e das dificuldades da época, ele fez história. Se nós estamos comemorando 194 anos depois, é porque ele foi importante. Não é qualquer pessoa que depois de quase 200 anos de nascimento, nós estamos aqui falando dele, graças à sua obra literária”, explica Gilvaldo Quinzeiro, professor e fundador do Movimento Abraçarte Caxias.

 

A obra de Gonçalves Dias pode ser enquadrada no Romantismo. Juntamente com José de Alencar, desenvolveu o Indianismo. Na internet é fácil encontrar uma cronologia com as principais datas históricas sobre a vida do poeta caxiense, que será exposta abaixo:

  • 1823 – 10 de agosto: Nasce no sítio Boa Vista, em terras de Jatobá, a 14 léguas da vila de Caxias, Antônio Gonçalves Dias. Filho do comerciante João Manuel Gonçalves Dias, natural de Trás-os-Montes, e de Vicência Ferreira, maranhense.
  • 1830 – É matriculado na aula de primeiras letras do Prof. José Joaquim de Abreu.
  • 1833 – Começa a servir na loja do pai como caixeiro e encarregado da escrituração.
  • 1835 – É retirado da casa comercial e matriculado no curso do Prof. Ricardo Leão Sabino, onde principia a estudar latim, francês e filosofia.
  • 1838 – Parte para São Luís, onde embarcará para Portugal; chega em outubro a Coimbra e entra para o Colégio das Artes.
  • 1840 – 31 de outubro: Matricula-se na Universidade.
  • 1845 – Embarca no Porto para São Luís, aonde chega em março, partindo no dia 6 para Caxias.
  • 1846 – Embarca para o Rio de Janeiro.
  • 1847 – Aparecem os Primeiros Cantos, trazendo no frontispício a data de 1846.
  • 1848 – Aparecem os Segundos Cantos e Sextilhas de Frei Antão.
  • 1849 – É nomeado professor de Latim e História do Brasil no Colégio Pedro II.
  • 1851 – Publicação dos Últimos Cantos.
  • 1852 – É nomeado oficial da Secretaria dos Negócios Estrangeiros
  • 1854 – Parte para Europa.
  • 1856 – Viagem à Alemanha. É nomeado chefe da seção de Etnografia da Comissão Científica de Exploração.
  • 1857 – O livreiro-editor Brockhaus, de Dresda, edita os Cantos, os primeiros quatro cantos do poema Os Timbiras e o Dicionário da Língua Tupi.
  • 18591861 – Trabalhos da Comissão no interior do Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Pará e Amazonas, chegando até Mariná, no Peru.
  • 1862 – Parte para o Maranhão, mas no Recife, depois de consultar médico, resolve embarcar para Europa.
  • 1862 – 22 de agosto: É desligado da comissão Científica de Exploração.
  • 18621863 – Estação de cura em Vicky. Marienbad, Dresda, Koenigstein, Teplitz e Carlsbad. Em Bruxelas sofre a operação de amputação da campainha.
  • 1863 – 25 de outubro: Embarca em Bordéus para Lisboa, onde termina a tradução de A noiva de Messina, de Schiller.
  • 1864 – Fins de Abril: Volta a Paris. Estações de cura em Aix-ls-Bains, Allevard e Ems (Maio, junho e julho).
  • 1864 – 10 de setembro: Embarca o Poeta no Haver no navio Ville de Boulogne. Piora em viagem
  • 1864 – 3 de novembro: Naufrágio nas costas do Maranhão e morte de Gonçalves Dias.

Obras

Palavras chaves: , , ,