O projeto cultural “Tecendo Ideias” da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia (SEMECT), foi lançado oficialmente em Caxias na noite da última segunda-feira (14), na área externa do Farol do Saber, o local está em processo de revitalização e já recebeu dois eventos só este ano.

“Nosso primeiro evento foi um café literário em junho deste ano, em parceria com a SEMECT. Nós trouxemos uma escola do Bairro Luiza Queiróz, Marinalva Soares. Ela trouxe apresentações culturais, música ao vivo. O objetivo do projeto é revitalizar o Farol do Saber, promover eventos culturais e literários como este que nós estamos trazendo hoje com o lançamento do livro da professora Joseane Maia e uma Roda de Conversa”, destacou Andrezza Damasceno, coordenadora do Farol do Saber.

Uma roda de conversa, composta por nomes da literatura, da poesia, filosofia, história e psicanálise reuniu personalidades construtoras do saber de Caxias, como: Neudson Castelo Branco; Wybson Carvalho, J.Cardoso, Renato Meneses e Joseane Maia da Silva. A professora Joseane Maia lançou livro para o público infanto-juvenil, intitulado: “Festa no Céu e outros contos”, adotado na rede municipal de educação de Caxias.

“Nós vamos falar da poesia, da crônica, mas eu falo dos contos populares que é fruto do meu doutorado. Nós temos os contos autorais, fruto das ideias do autor, e temos os contos populares, que não têm autor; eles são passados pelo imaginário coletivo, pela oralidade, trabalhamos com a memória e pela voz eles transmitem esses contos. Esses contos fazem parte da literatura, é o que a gente chama de literatura popular. Ela tem um caráter permanente, atravessa tempo e lugar, tendo temáticas humanas. A inveja, a ganância, o desejo, o poder, tudo isso atravessa o tempo. Então, o conto popular tem essa característica, ao mesmo tempo em que é universal, mas quando alguma pessoa conta uma história dessas, ela acrescenta elementos locais”, reflete Joseane Maia, professora.

Os debates giraram em torno do texto literário e não literário. As diferentes formas de escrita, sejam aquelas de apelo mercadológico com apelo emocional e ainda aquelas que dialogam com o contexto universal, local e regional. Num contexto em que ficção e realidade andam juntas, foram discutidos os aspectos psicológicos por detrás da concepção do texto.

“Nós vamos fazer uma análise de como é que transita essa questão dos afetos, dentro da arte e dentro da literatura, não só o que o autor quer passar para o leitor, mas o que se passa na mente dele na hora de produzir aquela arte. Nós vamos abordar dentro de uma abordagem psicanalítica do inconsciente”, explica Neudson Castelo Branco, historiador e psicanalista.

“Eu não conheço na cidade um momento que venha com essa proposta, que tenha essa preocupação e essa envergadura. Você está vendo as pessoas, com diferentes maneiras de produzir o saber. Nesse particular, cada um vai fazer como ver a realidade. Meu último livro está numa editora em Timon. A obra chama-se “Eros na casa da arte”, é um romance. Eu gosto da parte do romance, no meu entendimento, filosofia e ficção estão bem próximos” J.Cardoso – filósofo e romancista.

“São pensamentos diferentes dentro do mesmo assunto, literatura. Nós mediamos um debate de suma importância em um local simbólico, o Farol do Saber, onde os quatro intelectuais de Caxias falam o que é literatura e o que é subliteratura. Um assunto que na atualidade está em voga, principalmente em tempos de internet e redes sociais. Ficção e realidade se entrelaçam e a gente não sabe o que é mais verdade. Fala-se atualmente em pós-verdade. Então é disso que estamos falando. Horizontalizou. As pessoas colocam suas opiniões. Não vivemos mais o tempo em que existia o senhor da opinião e essa opinião era uma opinião vertical, nas redes sociais, todo mundo tem sua opinião”, ressaltou Renato Meneses, poeta.

“A Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, além de oferecer à Rede Municipal de Educação, ao alunado por ela assistido, discute os textos literários, principalmente aqueles que estão preconizados na personalidade do caxiense, ou seja, a poesia. Mas não deixa de dizer também análises e comentários sobre o conto, o romance, a novela, enfim, é um momento que caracteriza muito bem Caxias. Caxias é isso, abriga uma plêiade de nomes que extrapolaram as delimitações nacionais, como: Antônio Gonçalves Dias; Henrique Maximiliano Coelho Neto; João Mendes de Almeida; Augusto César Marques. Caxias está de parabéns”, lembrou Wybson Carvalho, poeta caxiense.

A secretária municipal de Educação, Ciência e Tecnologia, Ana Célia Damasceno, afirma que o objetivo é valorizar a produção e os produtores de conhecimento da cidade com eventos desta natureza. A coordenadora do núcleo de Memória e Cultura da SEMECT, Francigelda Ribeiro, destacou que a pretensão é realizar o evento a cada bimestre.

“Eu creio que a sensibilidade está na base das ciências. Eu creio que não existe ciência sem esse lado impressionista, ligado à sensibilidade. Uma das nossas metas é retirar nomes que estão nos porões do esquecimento e trazer à bailar esses nomes e, mostrar o quão importante esses nomes são. Essa questão de trabalhar o capital intelectual, artístico é muito importante. A riqueza de um povo, a identidade se faz pela valorização da cultura. Essa é a base que queremos trabalhar nesse projeto Tecendo Ideias. Mas vamos trabalhar outras expressões artísticas. No próximo evento queremos trabalhar a música. Vamos trazer tanto pessoas que estão esquecidas e precisam aparecer, mas também a nova literatura, as novas produções. Esses encontros vão acontecer bimestralmente. Queremos convidar professores, alunos, escritores e a população em geral para participar junto com a gente do projeto Tecendo Ideias”, convidou Francigelda Ribeiro, coordenadora do núcleo de Memória e Cultura da SEMECT

“Esse público é muito especial, pois eles são literatos caxienses, que pensam a história de Caxias. A ideia é valorizar. A finalidade do Tecendo Ideias é valorizar a história de Caxias, o que se tem produzido ao longo do tempo para que a gente possa trabalhar a cultura, a poesia, mas também o conhecimento de tudo isso. Nossa intenção é adotar alguns materiais desses autores na Rede Municipal de Educação, a exemplo do livro da professora Joseane Maia “Festa no Céu” que já vem bem trabalhado para a educação infantil e nós queremos adotar na educação infantil”, ressaltou Ana Célia Damasceno, secretária da SEMECT.

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