Caxias celebra seus 183 anos de emancipação política
Por Wybson Carvalho.
Caxias – Histórico e datas marcantes.
Nesta sexta-feira, 05 de julho, Caxias completa 183 anos de Emancipação Política.
Aldeias Altas – no século XVII, quando os portugueses com suas investigações e explorações iam invadindo o interior da Província, os índios Gamelas e Timbiras, perseguidos ou aterrados se foram recolhendo às florestas e montanhas e, principalmente, à margem direita do Rio Itapecuru. Encontraram um lugar, que acharam muito próprio para, nele, se abrigarem e se defenderem, e assim fundaram bastantes aldeias. Está este lugar em distância de 80 léguas ao sudeste da capital pouco mais ou menos na latitude meridional de 5º 9’ e na longitude ocidental 45º 12’.
Quando o governador e Capitão-General Joaquim de Melo Povoas (sobrinho do Marques de Pombal, construiu o hoje Palácio dos Leões), dando conta ao governador da Metrópole de sua viagem pela capitania no ano de 1766, ofício de 17 de junho do ano seguinte escreveu que se segue: segundo o caxiense César Marques.
“Aldeias Altas é o ponto de comércio de todo este sertão e virá a ser uma grande povoação e também me parece que era bem fundada ali uma vila, porque tem bastante pessoas capazes de servirem na Câmara, e três Companhias, que hão de ser de Cavalaria Auxiliar.”
Pouco tempo depois foi criada a Justiça Provincial.
Em 04 de junho de 1796, D. Fernando Antonio de Noronha disse para Portugal “que esse julgado havia sido de considerável aumento em população, cultura e comércio pelo que deveria ser elevado à dignidade de Vila, mormente quando tinha se constituído ponto central comunicável as capitanias do Ceará, Pernambuco, Piauí, Bahia e a todos estes vastíssimos sertões.
No inicio da segunda metade do século XVIII Caxias possuía um estabelecimento de instrução superior, e a este seminário muitos filhos do Piauí e também das Minas da Natividade, vinham buscar educação segundo o historiador inglês R. Southey.
Em dezembro de 1762 o governador e Capitão-General do Estado do Maranhão Gonçalo Pereira Lobato e Sousa em ofício dirigido ao ministro português perguntava “o que devia fazer das livrarias do Colégio Grande do Convento de Alcântara e do Seminário das Aldeias Altas, constantes de milhares de volumes grandes e estimáveis de todas as ciências escolhidas e especiais, a fim de não se estragarem por falta de uso o que seria muito a lastimar-se”.
Vila – Em 31 de outubro de 1811 foi conferido o título com prerrogativa de Vila, sendo criada com as solenidades de costume em 24 de janeiro de 1812.
Foi seu primeiro Juiz de Fora o Desembargador Luiz de Oliveira Figueiredo e Almeida, que vindo de Lisboa, chegou a São Luis em outubro de 1812 e chegava a Caxias em janeiro de 1813.
Proclamada a Independência do Brasil no dia 07.09.1822, no país não reinou a calma e, nos estados da Bahia e Maranhão, as lutas contra a nossa Independência foram mais sangrenta, e o Maranhão só vem aderir à causa da nossa Independência em 28 de julho de 1823, e Caxias é o último foco de resistência.
Segundo o historiador caxiense César Augusto Marques, a Vila de Caxias aderiu à causa da Independência da seguinte forma:
A junta provisória do governo do Ceará desejando favorecer as intenções dos habitantes do Piauí, que ambicionavam a sua independência, deliberou expedicionar para essa província o governador das Armas José Pereira Filgueiras e o membro mais votado Tristão Gonçalves Pereira Alencar Araripe, para que promovesse o bom êxito do tal projeto.
Pondo-se em marcha os expedicionários a 30 de março de 1823, recebeu o dito governador, a carta imperial de 16 de abril do mesmo ano, autorizando-o a reunir toda a força para proclamar a Independência do Maranhão.
Apresentou-se a junta em frente de Caxias com perto de 6000 homens, e depois de longas fadigas e privações, no dia 31 de julho do dito ano celebrou-se uma honrosa convenção em sessão extraordinária da Câmara Municipal, reunida na então capela de Nossa Senhora dos Remédios, tendo a ela comparecida o clero, nobreza, o povo, e os sitiantes comandados entre outros pelo major Salvador Cardoso de Oliveira e João da Costa Alecrim e o sitiados sob o comando do major português João José da Cunha Fidié.
No dia seguinte: 1º de agosto/1823, as tropas independentes entraram em Caxias e no dia 06 procedeu-se à eleição para vereadores tendo sido eleitos: Francisco Henrique Wilk, capitão Clemente José da Costa, José Isidoro Viana, Francisco Joaquim de Carvalho, João Ribeiro de Vasconcelos Pessoa e José Maria César Brandão.
No dia 07 de agosto, realizou-se na capela de Nossa Senhora da Conceição (ainda em construção) reunindo a Câmara clero, nobreza é povo o ato de juramento da Independência do Brasil e obediência ao Imperador Constitucional e Defensor Perpetuo do Brasil, senhor D. Pedro I.
A junta provisória, dando conta em 18 de agosto de1823, para a Corte das ocorrências tendentes a Independência, disse que Caxias sustentou o cerco das forças independentes por se achar dentro o governador das Armas Constitucionais do Piauí, João José Cunha Fidié, com bastante armamento, boa artilharia e bem fortificado, mas como se lhe acabasse víveres capitulou finalmente e rendeu-se com discrição.
O Morro das Tabocas, onde Fidié se entrincheirou, também, chamado de Morro Agudo e mais tarde Morro do Alecrim, recebeu este nome em memória do cabo de guerra João da Costa Alecrim, por inspiração do nosso poeta maior Antonio Gonçalves Dias.
O Morro do Alecrim tornou-se notável não só pelo valor com que aí resistiram, debaixo de todas as privações, as tropas portuguesas às forças da Independência, como também pelo heróico e incansável denodo com que foram ali vencidos os rebeldes balaios.
Em 05 de julho de 1836, foi promulgada a lei de nº 24 da Assembleia Legislativa, pelo Presidente da Província do Maranhão, Senador Antonio Pedro Costa Ferreira, elevando a Vila de Caxias a categoria de cidade.
“Depois da capital, se não nos fascina o amor da terra natal, sem duvida ocupa o primeiro lugar esta importante cidade, onde se pode viver cercado de todas as comodidades”.
E foi em 1939, a revolução dos Balaios, que depois de dois meses de rigoroso assédio e de repetidas escaramuças, nos dias 30de julho e 01 de agosto (aniversário da sua adesão a Independência) os rebeldes apoderaram-se dela roubaram muitas fortunas, incendiaram e inutilizaram propriedades, prenderam muitos cidadãos e mataram mais de 200 pessoas de todas as classes sociais. A revolução dos Balaios que só iria findar em 18 de julho de 1841, e, Luis Alves de Lima e Silva foi promovido a general com o título de Barão de Caxias antes de completar 38 anos de idade.
Em 1858, o Bispo D. Manoel Joaquim da Silveira, que durante nove anos regeu a Diocese do Maranhão (mais tarde Arcebispo da Bahia) e fez à mesmas seis visitas, estendendo a última à cidade de Teresina, capital do Piauí, para onde foi de São Luís por terra. Apreciando os serviços que fizera nestas visitas, e chegando a Caxias, onde se hospedou em casa do padre Julião Soares, pároco da freguesia de São Benedito e diante das condições que apresentava esta boa cidade, fez com que o nosso Bispo num arroubo de eloquência a chamasse de “Princesa do Sertão” título que nunca desmereceu.
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