O enfrentamento à covid-19 segue sendo realizado pelo município. As ruas estão sendo higienizadas e as recomendações sobre distanciamento social, uso de álcool em gel e higienização das mãos com água e sabão também são reforçadas. Mas em meio às notícias da chegada da vacina, a população parece ter relaxado com os cuidados e os reflexos já estão batendo às portas dos hospitais.

O Hospital de Campanha alugado pela Prefeitura registra alta ocupação dos leitos, ultrapassando os 80%, chegando a 90% e, em alguns momentos, opera no limite da capacidade. O hospital conta com 10 leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e 20 leitos de enfermaria.

“A situação do coronavírus é real e é importante que as pessoas saibam que a doença ainda não está controlada. Nós ainda estamos em um momento muito sensível. Curiosamente, quando a gente está falando em uma possível vacina, a gente vem percebendo um aumento gradual do número de casos. E isso tudo é por conta das pessoas estarem se aglomerando mais, estarem diminuindo os cuidados e  as medidas protetivas: usando menos o álcool, lavando menos as mãos e se aglomerando mais, usando menos a máscara. Aumentou também a quantidade de pessoas testando positivo, aumento de internação de pessoas, onde chegamos a situações limítrofes de taxa ocupacional de doentes internados. Nas duas últimas semanas estamos trabalhando no limite da quantidade de leitos”, explica Epitácio Santos, diretor clínico do Hospital de Campanha.

O médico ressalta que cada pessoa deve fazer a sua parte para diminuir a contaminação e disseminação da doença, que voltou a crescer em Caxias, devido ao relaxamento da população com os cuidados. Dos 5.609 casos confirmados, 4.951 já foram recuperados, mas deve-se reforçar os cuidados para que se evite novos casos.

“Nós estamos observando com grande suspeição até casos de reinfecção, evidentemente que esses casos precisam ser melhor investigados. Existem os casos de risco, pessoas acima de 60 anos, diabéticas, tabagistas, com doenças crônicas, essas pessoas têm maior chance de evolução ruim da doença, mas essa doença também atinge diferentes faixas etárias, porque existe um componente individual do sistema imunológico de cada um. É um momento em que precisamos nos manter vigilantes para que possamos vencer essa guerra de combate ao coronavírus”, reforça o diretor clínico do Hospital de Campanha.

O Complexo Hospitalar Gentil Filho, que chegou a registrar uma taxa de ocupação de leitos exclusivos para a covid-19 em 20% nos momentos mais tranquilos e equilibrados, agora chega 80% em alguns momentos, o que acende o sinal de alerta, destaca o diretor clínico do Complexo, Pierre Costa. O hospital tem uma UTI com 10 leitos, que está operando no limite da capacidade.

“Nós temos observado que tem havido um aumento de casos graves de pacientes com covid-19. De novembro para cá, nós temos uma capacidade que tem oscilado de 50% para 80% nos leitos de UTI. Isso é preocupante porque quando você tem uma quantidade de leitos limitada, quando você tem 80% dos leitos ocupados, é algo que acende a luz vermelha com relação à admissão de pacientes e reforça em nós a responsabilidade de termos um cuidado bem maior”, frisa Pierre Costa.

O diretor clínico do Complexo pede que as pessoas mantenham os cuidados redobrados. “A gente observa que muitas pessoas estão andando sem máscara, não estão mantendo o distanciamento social. Esse cuidado precisa ser mantido, mesmo na vigência de uma vacina. Então, é preciso que as pessoas tomem cuidado, se preservem”, reforça.

O profissional de saúde Mateus Eduardo, que já foi acometido pela covid-19, já se recuperou e está na linha de frente, também reforça os cuidados que a população deve tomar.

“Eu passei pelo processo de internação. E quando a gente deixa de ser o profissional para ser paciente, muda tudo. A questão psicológica é bastante afetada, o afastamento da família, o medo, a angústia de agravar. Não é uma questão que a gente deva levar na brincadeira, é uma questão séria, é um problema de saúde pública. E a população tem que se conscientizar disso porque os números estão aumentando e o processo de internação é longo”, ressalta o fisioterapeuta.

Com o aumento de casos, a quantidade de pessoas testadas também está crescendo. Desde o início da pandemia até o último Boletim Epidemiológico atualizado nesta sexta-feira (11), um total de 29.760 testes rápidos haviam sido realizados.