Após analisar números oficiais recentes relacionados ao Brasil, ao Maranhão e a Caxias, Edmilson Sanches, jornalista e administrador caxiense, consultor em Desenvolvimento e Gestão Pública e de Empresas, revela que a economia do município cresceu mais de R$ 100 milhões ou, precisamente, R$ 105.149.000.

A posição é de 31 de dezembro de 2018, porque o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que faz o levantamento dos dados, só apresenta o PIB municipal de dois em dois anos. Assim, os dados relativos ao ano de 2019 só estarão disponíveis em dezembro de 2021. Os de 2020, em dezembro de 2022. O total da economia de Caxias em 2018 é de R$ 1.814.096.000. Em 2017, o total foi de R$ 1.708.947.000. É o chamado Produto Interno Bruto( PIB), que é a soma do que se produz no município em termos de bens (produtos) e serviços.

OS DEZ MAIORES

De acordo com Edmilson Sanches, com R$ 1,814 bilhão, a economia de Caxias mantém-se como uma das dez maiores do Maranhão e a de número 503 do Brasil, entre 5.570 municípios. No Maranhão, as dez maiores economias são: 1) São Luís, com R$ 33,6 bilhões; 2) Imperatriz, com R$ 7,1 bilhões; 3) Balsas, com R$ 3,4 bilhões; 4) Açailândia, com R$ 2,6 bilhões; 5) São José de Ribamar, com R$ 2,1 bilhões; 6) Santo Antônio dos Lopes, com R$ 1,9 bilhão; 7) Timon, com R$ 1,867 bilhão; 8) Caxias, com R$ 1,814 bilhão; 9) Santa Inês, com R$ 1,2 bilhão; e 10) Tasso Fragoso, com R$ 1,1 bilhão.

ECONOMIA NACIONAL

Em termos de Brasil, afirma Sanches, Caxias está entre os 503 primeiros municípios, ficando logo abaixo de Itaituba (número 502), no Pará, que tem R$ 1.814.617.000 em sua economia, mas acima de Lagoa da Prata, em Minas Gerais, e Mirassol, em São Paulo, posição 504 e 505, respectivamente, ambas na ordem de R$ 1,8 bilhão.

COMPOSIÇÃO DO PIB: SERVIÇOS, COMÉRCIO

Do total de R$ 1,8 bilhão da economia caxiense, o setor terciário, ou setor de serviços, contribui com R$ 824.866.000 milhões, representando mais de 45% do total – exatamente 45,46%, segundo os cálculos de Edmilson Sanches.

O comércio, seja o atacadista, o varejista ou o chamado atacarejo, não é mais um setor da economia. Tecnicamente, embora sua importância, o comércio é um segmento, um subsetor. O comércio é um segmento do setor de serviços (setor terciário).

Para o especialista caxiense, portanto, os números justificam que os segmentos do comércio, da prestação de serviços de educação, saúde, cultura, etc., são formadores de grande parcela, quase a metade, da economia de Caxias, o que implica geração de trabalho, formal ou não (formal é o trabalho com carteira assinada). Sanches destaca que “no setor de serviços, um segmento que pode vir a crescer muitíssimo é o do turismo histórico-cultural, pela contribuição, ainda não adequadamente explorada, de filhos ilustres de Caxias ao país”. Para Sanches, “o passado é um dos maiores presentes de futuro para Caxias”.

INDÚSTRIA

Edmilson Sanches visitou a área do Distrito Industrial de Caxias e elogiou o aspecto físico (pavimentação, arruamento, entre outros) e geoestratégico (localização às margens de uma rodovia federal). Por outro lado, lamentou que, decorrido muito tempo de sua inauguração, a finalidade daquela área geoeconômica ainda não se tenha realizado.

O consultor lembrou que o também caxiense João Castelo, quando governador do Maranhão, cedeu 1.500.000 metros quadrados de área de terra,  ao lado da rodovia federal Belém-Brasília, para ali se instalar o Distrito Industrial do município de Imperatriz. Igualmente ficou muito tempo em abandono e não utilização. Conta Sanches que, sendo eleito diretor da Associação Comercial e Industrial de Imperatriz (ACII), ele esteve em Brasília (DF) e teve reuniões técnicas com o ministro Íris Rezende (Agricultura), secretário executivo do Ministério da Indústria e Comércio (cujo ministro estava hospitalizado e veio a falecer), Jayme Santiago (presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF) e Camillo Calazans de Magalhães, presidente do Banco do Brasil. Após exposições e discussões, o resultado foi a transferência de grande volume de recursos para se dar início à operacionalização do Distrito Industrial imperatrizense, que nos últimos anos tornou-se um dos locais de maior produção de valor agregado, além de incorporação de tecnologias, com a instalação de diversas empresas internacionais.

Sanches reafirma o que já é senso comum na economia: a adequada ocupação de um Distrito Industrial, com os cuidados ambientais e sociais de praxe e de Lei, pode proporcionar ganhos não apenas econômicos e tributários, mas também de conhecimento, com processos quer industriais quer mercadológicos que são absorvidos pelo conjunto de trabalhadores especializados, formados no próprio município.

Mas em Caxias, observa o consultor caxiense, a Indústria, ou Setor Secundário, participa na formação da economia municipal com apenas 12,12%, ou R$ 220 milhões e 006 mil. Sem uma Indústria forte, diz Sanches, a economia caxiense pode não manter seu crescimento, perdendo posições  —  como aconteceu agora —  para municípios maranhenses e brasileiros que forem mais dinâmico em seu setor produtivo. “E Economia em queda  — alerta Sanches —  representa a queda de empregos estáveis, duráveis, sustentáveis, e representa a queda dos índices de satisfação popular, de segurança pública etc.”.

AGROPECUÁRIA

Edmilson Sanches diz a Agropecuária caxiense participa da Economia do município com menos de 2,5% (dois e meio por cento), ou, mais exatamente, 2,38% do total, representando R$ 43 milhões e 263 mil na formação de mais de R$ 1,8 bilhão do Produto Interno Bruto municipal.

Sanches analisa que é indispensável identificar, dentro do território de quase 5 mil e 200 quilômetros quadrados de Caxias, quais as áreas que são da União, do estado, do município, de particulares, as de reserva ambiental e protegidas em geral, e o que fica disponível para se promover incremento da produção e produtividade agrícola, pecuária e outros do setor primário.

GOVERNO

Desse modo, ante a inexpressividade ou baixa participação de setores como a indústria e a agropecuária, é o serviço público com seus recursos voltados para a administração, defesa, educação e saúde públicas e seguridade social o que toma o segundo lugar como formador da economia de Caxias, atrás apenas do setor terciário.

Os serviços públicos participam da formação do PIB de Caxias com R$ 548 milhões e 750 mil, representando mais de 30% de toda a economia local, ou exatamente 30,24%, nos cálculos do consultor e administrador caxiense. Até a participação dos impostos, com R$ 177 milhões e 209 mil, é mais significativa do que a contribuição de todo um setor, como a agropecuária caxiense.

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

As instituições financeiras que têm agência em Caxias emprestaram ou financiaram, em 2018, R$ 460 milhões e 947 mil reais. Entretanto, ressalva Sanches, “mais de 80% desse volume de dinheiro pode ter vindo da própria soma de depósitos dos clientes de Caxias e sua jurisdição, pois só na poupança havia mais de R$ 286 milhões e, no depósito a prazo, mais de R$ 47 milhões. Ou seja, os bancos pegam dos clientes um dinheiro para remunerar, em forma de juros, mais barato do que o dinheiro que é emprestado para o setor produtivo do município e região”, revela.

Na visão do consultor, é preciso que os poderes executivo e legislativo, as forças econômicas e sociais, em um diálogo respeitoso e produtivo, pressionem sadiamente a direção geral dos bancos para investirem mais capitais no município e em sua área de abrangência, a jurisdição das agências. “Claro, o município tem de preparar-se para cobranças como essa, com projetos de desenvolvimento claros, factíveis, sustentáveis, e isso exige estudos, pesquisa, conhecimento, inclusive dos chamados ‘think tanks’ locais, como as instituições de ensino superior, quase nunca convidadas para participar da formatação do desenvolvimento de um município e dos estudos de futuro. Há cidades que, inteligentes, já se preparam para o ano 2040, e há outras que não sabem nem o que há adiante da venta”, frisa.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

 

O consultor caxiense diz que “Poderes públicos, a academia e setores produtivos, além de segmentos sociais, classistas, devem se unir para fazerem o planejamento estratégico do município, pelo menos um plano-diretor de desenvolvimento econômico e socioeconômico, uma Conferência de Busca de Futuro (Future Search Conference). Senão, o município vai perdendo oportunidades para ter uma economia mais forte nos diversos setores e segmentos, inclusive com agregação de valor aos produtos do setor primário, muitas das vezes vendidos, exportados ou consumidos ‘in natura’ ou na sua forma mais simples”.

Sanches faz uma ilustração no plano internacional. “Vale lembrar, para este caso, que a Alemanha não tem plantações de café e é um dos maiores exportadores de café do mundo, além de produzir e exportar cafés de variado gosto, a preços até setenta vezes mais do que o preço do café ‘in natura’ que compra do Brasil. Só uma indústria alemã, a Melitta, com 112 anos, tem mais de 160 produtos voltados para o café. A Alemanha tem praticamente o mesmo tamanho do estado do Maranhão e, diga-se de novo, não planta café, ela compra sacas de café ‘in natura’ do Brasil, revende dois terços a preços maiores, em função de sua logística, e guarda um terço das sementes de café para serem transformadas em cafés especiais, vendidos e exportados para o mundo todo. O Brasil fica sendo, assim, a grande fazenda produtora de café para a Alemanha vender”.

O caxiense Sanches pergunta: “O que Caxias pode aprender e ganhar com exemplos assim?”.

Edmilson Sanches é administrador, jornalista, professor e consultor, com graduação e pós-graduação em Administração Pública, Administração de Empresas, Comunicação e Desenvolvimento Regional, além de ser autor de dezenas de livros nessas e em outras áreas. Sanches ocupou altos cargos de gestão e de assessoria de alto nível na maior instituição financeira federal de financiamento do desenvolvimento na América Latina. No serviço público, Edmilson Sanches foi secretário municipal de áreas como Desenvolvimento Integrado, Governo e Projetos Estratégicos e Comunicação e Cultura. O caxiense visitou 19 estados brasileiros, além de Europa e Estados Unidos, observando e absorvendo experiências de gestão e cultura, e já ministrou palestras de Norte a Sul do país.