Caxias (MA) sediou nesta terça-feira (15), no auditório da Universidade Estadual do Maranhão (CESC-UEMA), o 2° Seminário Municipal das Comunidades de Matrizes Africanas. O encontro reuniu representantes de diversos terreiros, tendas e casas de umbanda da cidade e da zona rural de Caxias e até pessoas de municípios vizinhos, a exemplo de Codó (MA).

O seminário foi organizado pela Prefeitura de Caxias, por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS) e da Coordenação de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva, em parceria com a Comissão de Umbanda de Caxias (COMUMBANDA).

A abertura ocorreu durante a tarde, com palestras que trataram sobre a historicidade da umbanda e a importância da valorização. Além disso, houveram compartilhamentos por meio da oralidade, de como a umbanda deve ser praticada, além do lembrete de como todos precisam marchar cada vez mais unidos em busca das políticas públicas para os povos de matriz africana.

Está se renovamento as esperanças dos umbandistas de Caxias, com esse novo agrupamento de pessoas, que estão se juntando para somar com nossa doutrina. Está sendo perfeito. Até mesmo superou nossa expectativa e as propostas que foram lançadas no seminário, com certeza vão ser aprovadas porque vão ao encontro do bem comum de toda a nação umbandista”, destacou Pai Arnaldo de Xangô.

“O seminário foi de fato muito importante, onde os pais e mães de terreiros acreditaram nas propostas, e vimos pelo número de pessoas. Agora estamos mais unidos, é só seguir em frente e não deixar a peteca cair”, disse Luís Felipe, filho de Santo.

“Nós hoje conseguimos fazer do Festejo de Nossa Senhora de Nazaré uma fonte para arrecadar fundos para poder reformar tudo aquilo que ele deixou. Nós não queremos deixar morrer a história do nosso povo“, frisa Telvanise, representante da encantaria de Nazaré do Bruno.

“Eu sou umbandista, filho de Nazaré do Bruno, com ensinamentos de Zé Bruno. Eu conheci várias pessoas que me conduziram e hoje sou filho de Santo da Tenda São Raimundo Nonato em Codó. É muito gratificante falar da nossa umbanda, pois nossa linguagem é a do amor e não do preconceito. Estamos aqui em busca dos nossos objetivos”, disse Professor Tchesco, Tenda São Raimundo Nonato.

“Esse encontro mostra a união da umbanda. Nós somos unidos de verdade e queremos que nossa voz seja ouvida. Temos mais de 300 terreiros em Caxias. Este momento é muito significativo, pois daqui surgirá um Conselho. A maior importância é mostrar que somos contra a intolerância religiosa e ao racismo”, destaca Pai Wilson Lopes, umbandista.

O tema do seminário foi “Direito e Igualdade”. Um dos momentos também de grande importância no evento foi anunciado pela coordenadora de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva, Francyane Barradas, que destacou que será encaminhado um Projeto de Lei para a Câmara Municipal de Caxias a fim de que seja apreciada a criação do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana – Povos de Terreiros de Caxias.

“O projeto que estamos encaminhando para a Câmara Municipal tem por finalidade criar o Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana – Povos de Terreiros de Caxias, que possui o objetivo de criar e desenvolver ações, estudos e propor medidas e políticas pública voltadas para à reparação civilizatória, além do combate à discriminação no município de Caxias”, destaca o documento lido por Francyane Barradas, coordenadora de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva.

O encontro além de unir ainda mais os povos de terreiros, vai serviu como marco para que haja um planejamento de ações a serem executadas no ano de 2023. O seminário foi finalizado de forma festiva dentro do auditório com todos cantando.

“É uma enorme satisfação está aqui hoje comungando a nossa umbanda, que é uma religião de amor, que nos traz paz e muita fé. A umbanda é uma religião genuinamente brasileira e hoje no Dia Nacional da Umbanda, é um momento ímpar para nós em Caxias”, disse Ivan de Oxosse, coordenador do Setor de Igualdade Racial da SMADS e presidente regional da Federação de Umbanda e Culto Afro-brasileira do Maranhão.

Logo depois, todos saíram na Marcha do Axé pelas ruas do Centro Histórico de Caxias cantando em carro aberto na Praça da Beira Rio, onde ocorreram apresentações culturais de tambor de matriz, capoeira, tambor de crioula, gira de terreiro, entre outras apresentações que fazem parte da cultura das comunidades de matrizes africanas.

“Para este seminário acontecer nós tivemos um encontro de pais de santo, e desse encontro estruturamos o seminário. A proposta do seminário foi também para apresentarmos uma proposta de Lei de criação do Conselho Municipal de Povos Tradicionais de Matriz Africana – Povos de Terreiros de Caxias. Será encaminhado à Câmara Municipal, e em fevereiro de 2023 nós vamos fazer a primeira Conferência de Povos de Matriz Africana. São ações que precisam ser feitas, para que os povos de terreiro saibam o valor que eles têm”, destaca Francyane Barradas, coordenadora de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva.