Neste dia 1º de agosto, historicamente, Caxias celebra a Adesão à Independência do Brasil, sendo a última povoação brasileira a aderir. No Brasil, o dia 7 de setembro de 1822, marca a data em que Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil, rompendo oficialmente os laços com Portugal. No entanto, esse ato não foi automaticamente aceito em todas as províncias. Em muitas delas, a adesão ao novo império exigiu lutas políticas e enfrentamento com o envio de militares para ser sufocada, como ocorreu na Bahia, no Pará e no Maranhão.

MARANHÃO – O Maranhão era uma das províncias mais ligadas economicamente a Portugal, e sua elite tinha fortes interesses comerciais com os portugueses. Por isso, resistiu à separação. Só após a vitória das forças pró independência, em especial com a chegada da esquadra de Lord Cochrane, enviada por Dom Pedro I — é que o Maranhão reconheceu oficialmente a independência, em 28 de julho de 1823, depois de conflitos e tensões, São Luís se rendeu às tropas de Cochrane.
ADESÃO DE CAXIAS À INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
Embora a adesão oficial do Maranhão tenha ocorrido em julho, Caxias demorou alguns dias para reconhecer formalmente o novo regime. Segundo o historiador Milson Coutinho, a cidade assinou sua ata de adesão apenas em 7 de agosto de 1823, na Igreja da Matriz de Nossa Senhora da Conceição de São José. Isso demonstra como o processo de independência no interior do Maranhão foi mais lento, refletindo divergências locais e o impacto das disputas entre forças imperiais e leais a Portugal.

Caxias, com sua importância regional, logo se alinharia ao novo Império, mas o atraso evidencia a complexidade e a descentralização do processo de independência no Norte do Brasil.
CELEBRAÇÃO DOS 202 ANOS
Neste 1º de agosto de 2025, Caxias celebra 202 anos da Adesão à Independência, destacando sua contribuição à consolidação do Brasil como nação soberana. Este ano, a solenidade oficial de eventos cívicos foi antecipada ao dia 31 de julho, por conta de diversas entregas de obras e serviços, com a presença de autoridades políticas locais e do Estado.

ASSINATURA DA ATA DE RENDIÇÃO
O poeta Wybson Carvalho, lembra ao citar o historiador caxiense, César Augusto Marques, que a Vila de Caxias aderiu à causa da Independência da seguinte forma: A junta provisória do governo do Ceará, desejando favorecer as intenções dos habitantes do Piauí, que ambicionavam a sua independência, deliberou expedicionar para essa província o governador das Armas, José Pereira Filgueiras, e Tristão Gonçalves Pereira Alencar Araripe, para que promovesse o bom êxito do tal projeto. Pondo-se em marcha os expedicionários a 30 de março de 1823, recebeu o dito governador a carta imperial, de 16 de abril do mesmo ano, autorizando-o a reunir toda a força para proclamar a Independência do Maranhão. A junta teria chegado aos arredores da então Vila de Caxias com perto de 6000 homens.
O historiador e jornalista, Milson Coutinho, no entanto, lembra que, “O que é historicamente correto é que Caxias aderiu ao governo de d. Pedro a 7 de agosto de 1823, e não a 1º, como comumente se pensa. 1º de agosto foi a entrada da tropa expedicionária; 6 de agosto a eleição da nova Câmara que lavrou o auto e o jurou em nome do povo”, destaca o pesquisador na obra Caxias das Aldeias Altas.

Em um dos trechos do auto de juramento destaca-se: “aos sete dias do mez de Agosto do dito anno, na igreja Matriz de Caxias das Aldêas-Altas do Maranhão, aonde se achavão reunidos a Câmara, clero, Nobreza e Pôvo…aclamando por unanime vontade no dia doze de Outubro do ano passado devião todas as Autoridades Civis, Militares, Ecclesiasticas, Subalternas, e Pôvo, prestar juramento de observar, manter, guardar, e defender a Independência do Brasil como verdadeiro meio de segurança da integridade do Império do mesmo, veneração, respeito, e obediência a Sua Majestade Imperial e Constitucional o Senhor Dom Pedro Primeiro, à Sua Augusta Dynastia; e que esperava que todos os que se achavão presentes à porfia dessem o dito juramento perante o Revd. Parocho delegado, o Padre José Marques Simões da Silva Feyo, firmando-o com a mão em um dos Livros dos Santos Evangelhos, e os ausentes consecutivamente ocorressem a presta-lo perante a Câmara desta Villa; e para constar lavrei o presente auto, em que assignarão: E eu, João Frojó Brabo, escrivão da Câmara, o escrevi José Pereira Filgueiras, Presidente. – Manoel de Souza Martins. – Joaquim de Souza Martins. – Tristão Gonçalves Pereira de Alencar. – Luiz Pedro de Mello e Cezar, secretário. – O padre Antunes Alves Rodovalho. – João Ribeiro de Vasconcelllos Pessôa. – Francisco Henrique Wilkens. – Clemente José da Costa. – Francisco das Chagas Pereira de Brito. – Francisco Joaquim de Carvalho” , destaca o documento.