A artesã Raquel Dias já domina o manuseio de linhas e agulhas. Há mais de 10 anos, ela dedica boa parte do seu tempo à produção de bonecas, bolsas e peças de crochê. Em busca de aprender novas técnicas, decidiu se inscrever em um curso especial: a confecção das tradicionais redes de brim com varanda, patrimônio cultural muito presente nos lares maranhenses. “Eu gosto de costurar minhas próprias roupas e agora vou aprender a fazer minha própria rede, fazer para minha família e para vender e ganhar um dinheirinho. Além disso, o curso é muito bom para gente fazer novas amizades. Eu adoro passar o dia aqui aprendendo e confraternizando”, destacou a artesã.”

O curso, com carga horária de 80 horas, está sendo realizado no Instituto Brasileiro de Arte, Ciência, Cultura e Literatura Ubirajara Fidalgo e é promovido pela Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência. A capacitação é destinada a pessoas com deficiência, e tem como objetivo ampliar oportunidades, fortalecer a autonomia e estimular novas habilidades entre os participantes. “Muitos aqui estão realizando sonhos, aprendendo algo diferente. Eles se sentem mais valorizados e eu tô muito surpreso com o desempenho de todos eles. É uma oportunidade também para terem uma renda extra”, disse Fábio Lúcio, assistente social.

A mentoria das aulas fica por conta de dona Maria Ribeiro, artesã que aprendeu a técnica ainda criança, ensinada pela própria avó no interior da cidade de Parnarama. Ao longo da vida, ela confeccionou inúmeras redes e hoje sente orgulho por repassar a tradição que atravessa gerações dentro de sua família. “Minha avó era profissional e fazia as redes ainda em teares manuais. Era bem mais trabalhoso. Hoje tem novas técnicas, mas também não é tão simples. É preciso ter paciência, mas nossos alunos estão de parabéns porque estão aprendendo direitinho. Eu estou realizada em poder compartilhar tudo que aprendi com minha família”, relatou Maria Ribeiro.

Exigente e cuidadosa, dona Maria orienta cada ponto com atenção, garantindo qualidade e capricho nas peças. Mas, mais do que o resultado, ela destaca que o maior propósito do curso é promover socialização, inclusão e o reconhecimento da capacidade de cada aluno superar limites e descobrir novos caminhos.










