A cidade de Caxias sediou nesta quinta-feira (9), a Conferência Macro Leste de Saúde Mental, que teve como tema “A Política de Saúde Mental como Direito: Pela defesa do cuidado em liberdade, rumo a avanços e garantia dos serviços de atenção psicossocial no SUS”. O evento foi realizado pelo Conselho Estadual de Saúde, em parceria com a Secretaria do Estado de Saúde e Prefeitura de Caxias, por meio da Secretaria Municipal de Saúde.

Mônica Gomes, secretária municipal de Saúde, ressaltou a importância de Caxias sediar o evento. “A Conferência de Saúde Mental é o reflexo da evolução da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) no estado do Maranhão e Caxias está sediando para uma região gigante, que vem para somar com a política de saúde do nosso município. A evolução do nosso serviço vai ser concretizada por meio das políticas que serão discutidas aqui, o que for determinado vai estar sendo firmado na conferência, e isso é um grande passo para o avanço da saúde mental no Maranhão”, disse.

Na ocasião, estiveram presentes representantes dos municípios que compõe as regionais de saúde de Caxias, Codó, Pedreiras, Presidente Dutra, São João dos Patos e Timon, da Secretaria do Estado de Saúde, do Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Estado do Maranhão, Conselho Estadual de Saúde do Maranhão e Conselho Municipal de Saúde de Caxias.

Isabele Rego, coordenadora Estadual de Saúde Mental, destacou o significado da realização da Conferência de Saúde Mental para o Maranhão. “Essa conferência é um momento histórico, pois há 12 anos nós não fazíamos conferência em saúde mental. Esse é um momento de fortalecermos a política de saúde mental no estado do Maranhão, haja vista que o Ministério da Saúde infelizmente tem uma visão de retorno aos manicômios, e nós reformistas da saúde mental lutamos pelos direitos da pessoa com transtorno mental, do acesso aos serviços de saúde, as políticas públicas, lazer, esporte e ressocialização”, contou.

A Conferência teve como objetivo propor diretrizes para a formulação da Política Estadual de Saúde Mental e o fortalecimento dos programas e ações para todo o território nacional. Durante o evento foram discutidos temas como o cuidado em liberdade como garantia do direito à cidadania, política de saúde mental e os princípios do SUS: Universalidade, Integridade e Equidade, impactos na saúde mental da população e os desafios para o cuidado psicossocial durante e pós pandemia.

A presidente do Conselho de Saúde do Estado do Maranhão, Raimunda Rudakoff, frisou os desafios da saúde mental no estado do Maranhão no período pandêmico. “Nós temos filas que nunca tivemos de pessoas esperando o atendimento com psicólogo e psiquiatra. Temos também ações de saúde, onde fazemos as escutas e levamos os psicólogos, mas hoje temos uma demanda em que os profissionais não têm condição de atender e por isso fazem os encaminhamentos para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) e Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Essa conferência está acontecendo no momento que nós precisamos muito, porque é um momento atípico no cenário mundial e diante disso, mesmo com o presidente discordando que elas aconteçam, nós estamos realizando”, frisou.

Luis Fernando, coordenador da Rede de Atenção Psicossocial de Caxias, foi um dos palestrantes da conferência e falou sobre o assunto abordado. “No Brasil o modelo que tratava as pessoas com comprometimento mental, era um modelo hospitalar manicomial, com a reforma psiquiátrica brasileira, abriram os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que são mais próximos das casas dos pacientes e que trabalham e desenvolvem suas potencialidades por meio de uma equipe multiprofissional. A conferência sobretudo é para que não haja um retrocesso e que de fato o nosso paciente continue garantindo a liberdade de ser tratado perto da sua casa, junto da sua família, no meio da sociedade”, disse.

Aristeu Marques, Coordenador das Regionais de Saúde do Maranhão, falou sobre as ações que serão realizadas após as conferências nas macrorregiões. “Daremos atenção principalmente aos consultórios especializados, porque houve um aumento em mais de 50% no número de pessoas que estão precisando de cuidados de saúde mental. Nós percebemos esse aumento após a pandemia, de casos de pessoas com tendências de depressão, suicídio e diversas outras consequências e a Secretaria do Estado de Saúde tem um maior foco para esses grupos específicos”, frisou.

“Estamos discutindo os cuidados nessa área da qual, principalmente após pandemia, nós tivemos um adoecimento da população. Isso foi evidenciado e requer que o município disponibilize e oferte esse serviço de qualidade, estamos aqui para que possamos encontrar medidas para que esse serviço seja ofertado com qualidade”, destacou Evadilson Costa, presidente do Conselho Municipal de Saúde de Caxias.

“Trazer o modelo de antigamente é uma perversidade, porque vivemos em um mundo moderno, ter um sistema excludente é outro fator que vai gerar uma doença mental e isso não pode acontecer. Minha fala em nome de todas as mulheres e do meu município é que se aproxime cada vez mais da sociedade e fortaleçam os Centros de Atenção Psicossocial”, finalizou Ana Emília, usuária da Rede de Atenção Psicossocial de Codó.

Ao final, foram eleitos 40 delegados que vão participar da Conferência Estadual, que está marcada para os dias 26 e 27 de julho de 2022, na capital São Luís (MA).