SMADS realiza 3° Seminário Axé Caxias, exalta os 115 anos da Umbanda, conquistas e reflete sobre os desafios futuros
A Prefeitura de Caxias (MA), por meio da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), da Coordenação de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva, do Setor de Promoção da Igualdade Racial da SMADS em parceria Comissão de Umbanda de Caxias, realizou o 3° Seminário Municipal das Comunidades de Matrizes Africanas. O evento que reuniu representantes e povos de matriz africana do município aconteceu no auditório da Prefeitura de Caxias, e teve como tema: “Valorização e Preservação da Herança Afro no município”.
“Para nós Umbandistas esse momento é importante para que possamos mostrar às pessoas as nossas vozes. A Prefeitura tem aberto espaço mostrando que valoriza a nossa religião. Hoje em dia não temos vergonha de usar o nosso turbante. Hoje (15), no Dia nacional da Umbanda, convidamos todos os Umbandistas que defendam a nossa religião que é regida por Deus a participar desse evento”, frisa Pai Wilson Lopes, Umbandista.
“Nesse ano nós temos datas que marcaram muito bem a Umbanda, como o Dia Municipal da Umbanda, 6 de outubro. Além disso, nós temos o mês de novembro marcado pelo Seminário e criação do Conselho. Hoje, por meio da Coordenação de Direitos Humanos nós estamos fazendo com que os Umbandistas sejam vistos, e para nós é motivo de orgulho”, lembra Ana Lúcia Ximenes, secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS).
Durante a tarde dessa quarta-feira (15), foram trabalhados alguns temas: Direitos Humanos Fundamentais dos povos e comunidades tradicionais; Políticas públicas no município de Caxias de 2022 a 2023; e também o tema – Desafios e perspectivas de preservação da tradição e religião dos povos tradicionais. Os palestrantes foram: Pai Ivan de Oxossi, coordenador de Igualdade Racial; Francyane Barradas, coordenadora de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva; Pai Rondinele Santos, pai de santo e membro da articulação nacional de povos de matriz africana e ameríndia, respectivamente.
“De todas as atividades que estamos realizando, hoje é um dia de reflexão sobre a tradição de Matriz Africana. Nós apresentamos o que conseguimos, o aumento de autodeclaração para mais de 500 pessoas. Tivemos a Marcha do Axé para chamar a comunidade para entender a Umbanda. Queremos aqui evidenciar o artesanato, evidenciar o CEFOL e em breve teremos a Praça dos Encantados”, frisa Francyane Barradas, coordenadora de Direitos Humanos e Inclusão Produtiva.
“Nós estamos aqui neste espaço público para que possamos ter visibilidade, estamos no ceio a sociedade para que possamos desse momento em diante, termos mais espaços e políticas públicas para os povos tradicionais de Caxias”, frisa coordenador do Setor de Igualdade Racial da SMADS.
“Há 20 anos eu acompanho essa luta em Caxias, e posso dizer que pela primeira vez uma gestão é comprometida com a Umbanda, é essa gestão que tem criado leis, conselhos e está sempre próxima. Quando a gente fala em combate ao preconceito religioso, é exatamente isso. Quando o constituinte diz que o Estado é laico, ele quis dizer que o Estado é para todos”, frisou Pai Rondinele Santos, pai de santo e membro da articulação nacional de povos de matriz africana e ameríndia.
Durante o evento, o vereador Ximenes representou o legislativo municipal e o prefeito Fábio Gentil. Após a realização do Seminário, uma Marcha foi realizada até o Centro de Folclore e Arte Popular de Caxias (CEFOL), onde foram realizadas apresentações de Tambor de Matriz, Capoeira, Tambor de Crioula, Gira de Terreiro, entre outras apresentações que fazem parte da cultura das comunidades de matrizes africanas.
“A nossa religião ainda é discriminada, mas se a gente não se unir como estamos fazendo, não crescemos. Nós já conseguimos muito e vamos conseguir muito mais”, disse Pai Tchesco, Tenda Nossa Senhora de Nazaré de Nazaré do Bruno.
“Nem leitura eu tenho, mas o pouco que eu sei é um dom de natureza. A Umbanda é um segredo. Agradeço a Tenda Santa Barbara e a minha mãe Madalena que me deixou preparada para ser uma mãe de santo em Caxias”, frisa Mãe Teresinha, Terreiro de Santa Helena do Residencial Eugênio Coutinho.
A Umbanda é uma religião afro-brasileira que sintetiza o culto aos Orixás e aos demais elementos das religiões africanas. Em Caxias, a renovação da Umbanda é visível com a chegada de jovens, que dão continuidade à tradição e chegam em espaços que os mais tradicionais não conseguem chegar.
“Eu sou presidente do Afroxias, Juventude Umbandista de Caxias e região. Nós estamos desmistificando muita coisa que a população não conhece. A Umbanda é amor, paz, afeto e juntos estamos conseguindo”, destaca Luis Felipe, Umbandista do Tempo Pai Xangô.
A parceria com o poder público tem feito a Umbanda ter mais visibilidade e conquistado políticas públicas importantes em Caxias, a exemplo da criação de conselhos e o dia municipal da Umbanda, além de acesso a serviços de saúde e sócio assistenciais. Pai Rondinele reconhece o esforço da gestão municipal.
O evento de encerramento contou ainda com o incentivo ao empreendedorismo, artesanato com elementos da cultura afro.
“A gente trouxe um trabalho voltado para o evento com bonecas negras e uma proposta para contemplar a religião. Temos o artesanato de acordo com os eventos”, destaca Conceição Oliveira, artesã e vice-presidente da Associação dos Artesãos de Caxias.
“Ressaltar a cultura de Caxias é importante. Neste momento estamos trazendo tudo aquilo que é afro dentro do nosso artesanato”, lembra Gracineide Coutinho, artesã.